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Publicado por: Fernanda Tissot
Data: Agosto, 01 2022

#DicaRitter | House of Gucci

Filme “Casa Gucci” (“House of Gucci”)

Lançado em novembro de 2021, o filme “Casa Gucci”, dirigido por Ridley Scott, conta a história de Patrizia Reggiani (Lady Gaga) que, em 1995, mandou matar seu ex-marido Maurizio Gucci (Adam Driver), herdeiro e então diretor da famosíssima marca “Gucci”, fundada em 1921 pelo italiano Guccio Gucci.

O filme retrata a história de amor, ódio, traição e os bastidores da família Gucci (o que não agradou em nada a família, que ameaçou processar o diretor do filme por retratá-los, nas suas palavras, como “bandidos, ignorantes e insensíveis para o mundo”) e conta com elenco de peso: o gênio Al Pacino, Lady Gaga em brilhante atuação, o irreconhecível Jerad Leto, além de Adam Driver, Jeremy Irons e Salma Hayek.

Além de contar a história verídica da morte do herdeiro da grife, o filme retrata a briga judicial envolvendo o uso da marca “Gucci” por Paolo Gucci (Jerad Leto), que mesmo fora da empresa, tenta utilizar seu famoso sobrenome para lançar sua própria grife e é prontamente impedido por seu primo Maurizio Gucci (Adam Driver), na época diretor da empresa e posteriormente morto à mando de sua ex-esposa.

O filme, em determinado momento, mostra cena bem comum no mundo da propriedade intelectual: o cumprimento de uma ordem judicial de cessação do uso indevido de marca, neste caso, a marca “Gucci”. O cumprimento da ordem ocorre em meio ao pomposo desfile de apresentação da coleção lançada por Paolo Gucci (Jerad Leto), gerando, na trama, grande constrangimento ao designer.

Além do homicídio retratado no filme ser real, o caso envolvendo a marca também o é e foi decidido em Nova Iorque¹ em 1998. De acordo com a decisão, se Paolo Gucci continuasse a usar seu nome como marca, haveria confusão entre o público consumidor, que pensaria se tratar da reconhecida marca “Gucci”.

Assim, Paolo Gucci, neto do fundador Guccio Gucci, foi proibido de utilizar seu nome como marca. Por outro lado, pôde utilizar seu nome para se identificar como designer de produtos, porém, dita informação deveria aparecer de modo secundário e desde que atrelada a outra marca que não contivesse o termo “Gucci”. Além disso, a decisão determinou que Paolo inserisse uma ressalva de que não tinha relação com a grife “Gucci”. As brigas pelo uso do sobrenome Gucci como marca não param por aí² e só mostram a necessidade de contratos bem redigidos e da proteção desse importante ativo intangível que é a marca.

¹Gucci v. Gucci Shops, Inc., 688 F. Supp. 916 (S.D.N.Y. 1988). U.S. District Court for the Southern District of New York. June 17, 1988

²Gucci America Inc. v. Jennifer Gucci (2010), Gucci v. Guccio Gucci and Alessandro Gucci (2012) e Gucci v. Gucci (2017)

Fontes:

https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-161552/

https://www.thefashionlaw.com/gucci-and-the-ongoing-battles-over-the-family-name/

hhttps://law.justia.com/cases/federal/district-courts/FSupp/688/916/2134716/

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